Estou a tentar muito firmemente não chorar, embora ache que a tarefa seja impossível.
Eu não sou pessoa de expressar o que sinto desta forma, não na noite X ou Y, porque nunca esperei para escrever quando quero. Se calhar porque escrever é tão meu que o considero uma extensão de mim mesma, um novo membro do meu corpo. No entanto, dizem que morremos todos no ano passado e que 2013 foi só um sonho, então talvez este meu ano no purgatório mereça um texto dedicado inteiramente a ele, não? Pois cá vai, meus companheiros do pós-vida:
Quero agradecer a quem me ajudou a chegar até Dezembro. Não foi um ano particularmente bom, mas foi o último de três anos que me pareceram durar tempo demais...talvez tenha sido o pior. Sei agora avaliar que evoluí para um estado novo, como sempre, bastante pouco dado às pessoas. Perdi a capacidade de acreditar em muitas coisas e se entrei no secundário com a esperança de uma etapa nova, cheguei ao final desejosa de sair daquilo que me pareceu um Inferno pessoal.
2013 foi um ano apático. Queria enrolar-me na cama e não abrir nenhuma janela. Faltei tantas vezes à escola que se não fosse a boa vontade dos professores, eu teria realmente chumbado.
Tenho vindo a perder muito à medida que cresço. Não é tão fácil falar com as outras pessoas e contactos sociais tendem a assustar-me. Por vezes, passo tanto tempo em silêncio, lá fora, que me esqueço de como se utiliza a voz e isso assusta.
A universidade não corresponde àquilo que esperei, mas tenho a liberdade de poder estar a sós comigo mesma sem ninguém se incomodar por tal. Ser invisível não é assim tão mau, não me magoa. E ainda que me sinta a ser arrastada pela corrente, pelo menos, estou em movimento.
Eu sei bem o que perdi e sei o quanto me faz falta. Se calhar estou a ser ridícula - já tinha aprendido que as pessoas são substituíveis -, mas todos os dias me dói. Acho que nunca tinha doído tanto.
Também sei o que ganhei. E sei que à pressa de substituir os meus apoios para não cair de cara no chão, posso ter forçado um telhado sobre pilares fracos que, mais tarde, talvez acabem por desmoronar-se e deixar-me soterrada nos destroços. Ainda assim, obrigada a quem está aqui agora. Penso não ser necessário dizer nomes, toda a gente sabe onde passo os dias e quem os passa lá comigo, mas muito obrigada e se, num ínfimo apenas, vocês sentirem por mim a mesma dependência e afeição que eu sinto por vocês, vou sentir-me feliz. Peço perdão por ser tão egoísta e querer absorver totalmente aquilo de que gosto.
Devotei a minha alma àquele que me preenche os pensamentos, fiz um pacto mal feito. E, pela primeira vez, consegui terminar um livro, então, Demon King, despacha-te e faz-me concretizar aquele meu sonho! Quero as prateleiras preenchidas pelo meu nome e quero que, algum dia, alguém se sinta tão confortado pelos meus livros como me sinto pelos livros dos outros.
Se fui um fracasso durante todo o ano, vamos agradecer a Novembro pelos dois livros que acabei. Ena, dois livros inteiros...não sei realmente se têm a mínima qualidade, mas é preciso colhões para escrever todos os dias e chegar às cinquenta mil palavras num mês. Parabéns a mim, fiz algo incrível por uma vez que seja.
Penso não ter nada mais a declarar. Vemo-nos no purgatório, ou então na Braseira quando o Ken me enviar um mapa que preste.
Traz-me novidades, 2014.
Etiquetas: crenças, desordem da personalidade
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