Hoje caí realmente em mim e apercebi-me de que estou prestes a entrar no meu último ano de secundário. Recordo os meus tempos de infância (muito feliz agora, não tão feliz na altura), as brincadeiras com a minha prima, e pergunto-me se aquele era o futuro próximo que tinha para mim planeado...porque se fosse, falhei redondamente. Talvez tenha sido aí que comecei a desenvolver personagens; eu, a irmã menos centrada, nunca a mais popular do liceu, mas sempre rodeada de amigos, perseguida insistentemente pelo rapaz que fingia detestar desde que conhecia...e depois ficávamos juntos, tudo era feliz e a encenação terminava - pergunto-me se o clímax da brincadeira não teria a ver com uma antecipação do depois, uma certa premonição de que nunca conseguiria encontrar piada depois da fase da conquista. A minha prima era a irmã mais responsável e adorada, tinha uma relação estável que acabava por sofrer um tremor a meio, era sempre a primeira a fazer as coisas e a decidir-se. Mas eu gostava assim. Os nossos pais passavam a vida em viagens para o estrangeiro, nunca tínhamos os bolsos vazios porque éramos milionários e, ocasionalmente, tínhamos um irmão estouvado que trazia raparigas para casa sem a autorização devida...oh, mas era o meu irmão favorito!
Fiz aqui uma perpendicular que começa a ficar paralela. Voltando atrás, éramos nós alunas de um secundário, muito construído à imagem de Hollywood, a sair à noite pelo simples prazer de o fazer e não pela vontade de beber até cair para o lado. Às vezes até éramos trabalhadoras/estudantes, eu com mais do que um emprego, porque premeditava que seria indecisa até na vida real, os cargos de maior respondabilidade sempre nas minhas mãos.
O liceu era tão bom, éramos tão inteligentes, felizes e acompanhadas! Para onde foram esses sonhos? Tudo o que vejo agora é uma adolescente viciada em internet, duas amizades no máximo dos máximos, grupos só de raparigas e muito tremidos, eu a dar-me bem com esta ou aquela porque é mais conveniente; rapazes nem vê-los, filha única até aos ossos, a minha mãe não chegou a ganhar o euro-milhões, nem o meu pai morreu e me deixou de direito a herança, a escola não é nada emocionante e populada e não tenho stalkers, não dei o beijo da minha vida num baile de finalistas (porque nem eu tive um baile em condições, nem imagino que vá ter e, quanto a beijos, que é deles?) e as minhas notas são boas, mas não chegam para me satisfazer por si só.
Hoje caí em mim, porque me chegou o primeiro livro do décimo segundo (psicologia, para os interessados), não me vejo radiante na minha adolescência, mas sim com saudades do passado e não faço a mínima ideia do que raio farei depois do secundário. A vida é dura quando não se vive num sonho.


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Comentários:
Já te disse que deves ser a minha prima e que trocaram de corpo.
 
*choque inicial*
mas o que raio aconteceu ao outro blog?!
 
tu agora estás numa de apanhar tudo ao lado do que eu realmente quero dizer.
primeiro foi com os sonhos: eu sei que os sonhos têm significados - não o desmenti. apenas afirmei que a dita rapariga tinha que se soltar um pouco deles. é mau estar muito tempo presos.
and, dude, eu não falei mal dela no post, pá! eu apenas disse o que ela era no início, não contei no que ela se torna. e continuo a achá-la bastante parecida contigo.

e pronto, tens de ler o livro porque pensas que eu desgosto dele por causa do sexo. eu até acharia essa informação como um insulto se fosses uma gaja da minha turma - porque eles bem sabem que passo os meus fins-de-semana a ler smut. o que eu disse no post foi que não costumo ler livros com sexo detalhado (acima de tudo, por causa da minha mãe que não é grande apologista de me ver agarrada a uma coisa daquelas).
e eu não sou mesmo nada púdica, kate. a sério que não o sou. só o simples facto de o pensar dá-me vontade de rir.
 

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