não sei para onde mais correr. os teus braços estão caídos ao lado do corpo e os meus estão vazios. sou pouca coisa para abraçar, então, mesmo que te segurasse...sentirias algo? acho que estou mais morta do que tu. o meu coração bate, mas não sabe para onde vai — há algo mais ridículo do que isso?
estou crente de que a mata sou eu, de que engoli a mata sem perceber e os galhos das árvores estão a furar-me toda por dentro. porra, a mata sou eu. sabes o que isso significa? significa que não dá para arrancá-la de mim, porque é parte do sistema; se não se arranca a mata, não poderei nunca ser mais do que isto.
odeio-te com todas as forças, por me fazeres passar por isto tudo sozinha. odeio-te tão desesperadamente, por não haver nada nada nada no mundo que queira mais. que merda.
não sei se sinto, se invento que sinto. se calhar só sou vazia e, sei lá, tento fingir que não até que vire realidade.
de toda a forma, não sabia realmente para onde mais correr e estou habituada a correr para ti, nestas alturas. queria tanto que me cortasses toda, que me fizesses sentir, que me drenasses de todas as formas — mas isso seria bom para mim e eu nunca tenho o que é bom para mim. não sei qual foi o deus que ofendi, mas é provável que tenha ofendido todos de uma vez por prestar culto a ti. é esta a paga?
se calhar já nasci para não saber como se faz.

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