Estive quase a largar a mão e, no entanto, chegou o derradeiro instante e eu não tive coragem para tal. Apertei com mais força, tanta que soltaste uma asneira por entre os dentes e desprendeste tu os dedos dos meus. Fui atrás de ti e, para me castigares, atiraste-te sobre mim e mordeste-me um ombro. Não faz mal.
Não aprendemos a revidar, na verdade já nascemos ensinados. E não aprendemos a ser maus. Acho que foste mau toda a tua vida, mau de raíz, mau desde a ponta dos cabelos e sem vergonha da tua maldade. Eu fui má desde que aprendi a ser gente (ser gente aprende-se), mas tento disfarçar.
Depois, somos maus um para o outro porque quando estou a perder o ar tu dizes-me para mergulhar mais fundo e quando tu voltas para mim eu viro-te as costas por crueldade. A diferença está no facto de eu precisar assumidamente de ti, embora mantenha as minhas dúvidas se algum dia terás precisado de mim ou se é apenas cómodo estarmos juntos. Se calhar tens outras pessoas para te alimentarem e tal pensamento dilacera-me os interiores.
Tens dormido comigo e eu tenho perdido a paciência pela falta de respiração, mas só quero que continues aqui. Não largues.


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