Às vezes não saímos porque não queremos. Temos a saída à distância de um atalho, mas voltamos os pezinhos para o lado contrário e embrenhamo-nos mais no arvoredo com a esperança de que ninguém tenha assistido ao nosso acto. E as corujas parecem colaborar, uma vez que estão fora da vista quando fazemos coisas destas.
Talvez nos tenhamos realmente apaixonado pela dor, porque ela é a única constante, algo abstracto que parece mais real do que tudo o resto. Tudo bem, caminhamos longe da sombra das árvores...mas e agora? Se perdemos a mata, perdemos o que fazer durante os dias, perdemos o sentimento mais vívido que possuímos e sentimo-nos ainda mais vazios.
Não estamos verdadeiramente vazios, porque temos a dor a preencher-nos. Entendam, quando estamos na mata temos com o que reclamar, sentimo-nos importantes o suficiente para sermos amaldiçoados, somos donos de lágrimas, raiva, tristeza, emoções fortes e vibrantes...mas se deixarmos isto para trás entraremos na rotina do resto do mundo e não haverá mágoa, mas também não haverá alegria, haverá apenas melancolia, aborrecimento ou apatia.
Somos como drogados, então: estamos limpos por um tempo, mas olhamos sempre a mata através das janelas e temos um desejo retorcido de regressar, por isso, criam-se as recaídas.
Etiquetas: crenças, desordem da personalidade, mata
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