Nathaniel respirou profundamente, antes de subir as escadas, dois degraus de cada vez. Quanto mais depressa falasse com ele, melhor...mas falar com ele era complicado quando as notícias que o traziam ali eram tudo, menos boas.
Parou junto ao rapaz, mas não o chamou.
Lucian levantou os olhos para a figura a seu lado. Era fácil reparar imediatamente na figura de Nate, um rapaz demasiado alto, demasiado entroncando e com um cabelo demasiado ruivo para não se notar à distância. No entanto, os seus olhos doces e habitualmente alegres encontravam-se mergulhados numa sombra de tristeza que se projectava desde as sobrancelhas franzidas até aos contornos dos lábios, torcidos para baixo.
A princípio, pensou que o cunhado estivesse chateado com a sua irmã. As discussões do casal eram frequentes e duravam sempre muito pouco, mas eles tinham os dois tendência para o drama.
- Senta-te aí, Nate. Aconteceu alguma coisa com a Rox?
- Não. - sentou-se ao lado dele e fixou o olhar num ponto em frente. - Não foi nada com a Rox.
O loiro endireitou as costas e na sua expressão surgiu um leve indício de preocupação.
- Então?
- Ahm, a Eve...foi a Eve.
Agora, Nathaniel tinha toda a sua atenção. Se o problema dizia respeito a Evelyn, Petran queria tomar conhecimento imediato.
- O que aconteceu, Rossi? - perguntou, num tom de voz era mais sério que o habitual.
- Eles levaram-na.
Lucian não precisava de perguntar "eles?" para saber a quem o outro se referia. Eles, os que se escondiam nas sombras do castelo, os que matavam muggleborns como ele e ameaçavam todas as pessoas que estivessem próximas dos que não eram "dignos" de estudar ali. E agora, tinham Eve.
- O que é que podemos fazer?
Havia sempre algo que podiam oferecer em troca.
- Nada. Não há condições, nem recompensa...eles não deixaram nem um pergaminho.
Os olhos profundamente negros de Lucian encheram-se de lágrimas que ele não estava preocupado em esconder. Abanou ligeiramente a cabeça numa negação, encarando ainda o ruivo a seu lado. Ele sabia o que significava quando não havia um pergaminho com indicações do que fazer e, de repente, perguntou-se até que ponto a culpa do destino de Evelyn não seria sua. Afastou as íris molhadas para a luz, a tempo de ver a figura do outro lado do corredor.

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