As árvores da mata moveram-se, alinharam-se em fila e cercaram o espaço a todo o seu comprimento. Agora, estamos presos por detrás de grades feitas de troncos que só nos deixam espreitar a estradas por discretas brechas e, ainda assim, é-nos tapada a visão por folhagem e sombras. Queremos sair, mas não conseguimos passar para o outro lado e escalar tornar-se-ia impossível, por isso, só nos resta esperar até que as árvores decidam retornar ao seu local de origem e nos permitam a saída.
Cá de baixo, sobre o solo terroso e coberto de marcas próprias de uma mata, parecemos realmente pequenos. Basta espetar o nariz para o céu, ver a copa das árvores que cresceram como gigantes, sentir o ar que se torna o tipo de ar circulante dentro de uma sala. Não captamos o vento, nem vemos as nuvens. O sol escorre muito pouco até ao chão, portanto, não sabemos dizer com precisão se é noite ou dia.
De repente, reunimo-nos todos numa clareira, ou no centro da gaiola. Andamos aos círculos porque não podemos fazer muito mais, olhamo-nos, estranhos e iguais, mas raramente trocamos palavras significativas. Assemelhamo-nos assustadoramente a personagens-tipo, porque não fazemos muito mais do que reproduzir frases vazias. Admira-me conseguir escrever isto.
De qualquer forma, estamos a definhar e a ficar translúcidos. Talvez desapareçamos em breve.


Etiquetas:

Comentários:
Adoro.
 
Obrigada. Forçaa.
 
Omg tooou xD
Está lá nas tags, não é sobre mim, socorro.
 

Enviar um comentário