Às vezes sonho que as paredes se fecham e eu fico esmagado entre elas. Tenho uma sensação de sufoco e acordo. Mas, às vezes, também acho que não me importo, que eu mesmo procuro pela falta de ar...É como cair no meio de um jogo - já me aconteceu imensas vezes, mas eu volto ao campo. Penso que o prazer de testar os meus limites me compele a gozar mais com a cara do perigo e mesmo da morte, afinal, escapo-me dia sim, dia não para os perímetros da floresta que é proibida aos alunos pelas criaturas que a habitam.
No fundo, não sei se vale a pena continuar a empurrar, a esticar a corda e medir as minhas forças, mas não sei viver de outra forma, nunca me contentaria em prosseguir com uma adolescência normal e dentro das regras. E é por isso que continuo a rir na cara dela.
Tens razão, provavelmente ninguém te ouvirá, assim como ninguém dará valor a esta carta, nem tu a quem a dirijo, e é por isso que a escrevo. Porque posso, porque quero. Não sei exactamente porquê, mas cresce uma necessidade de ser sincero com alguém, de não ter medo de falar directamente sobre o que penso às outras pessoas e é por esse motivo que converso tão pouco. Sou muito egoísta, Aileen, sou o centro do meu mundo e não me quero misturar, pois a queda do pedestal seria desastrosa.
Tenho a precisão de que me leias, mas não exactamente a precisão de que me respondas. Escrever para uma folha e entregá-la ao vento seria estúpido e incompleto, então prefiro escrever para ti, mesmo que não ligues a mínima para as minhas linhas, porque assim sinto que tenho um propósito e consigo realmente falar. Falar sem propósito seria estúpido e incompleto, então - exactamente, palavras ao vento.
Não sei que mais diga. Eu ouvi-te, de qualquer das formas.

Sebastian Blackwood

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Comentários:
identifiquei-me um bocado com esta carta.
 
obrigada :)
 
admito que tenho imensas saudades do sebastian.
eu, para já, desejo que nada pare.
 

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