Certas memórias, memórias falsas, fora bloqueadas. Então, quero recordar - e quase aposto que o faria com exactidão -, mas há um cadeado, um impedimento, e as imagens não conseguem ser visualizadas na minha cabeça. Fecho os olhos, invoco uma lembrança, mas automaticamente ela se desvanecesse, não chegando sequer a aquecer lugar, e algo em mim pede que não torne a tentar, porque não é suposto.
Vou escrever-te, pois nos dedos ninguém me agarra e não sou impedida de comunicar contigo assim. Olá, G, como estás? De certa forma, custa-me escrever o teu primeiro nome, quase tanto como custa escrever o último, mas não posso substituí-lo por uma letra - tenho queda para os R's, desculpa lá. Isto é estranho e agora percebo que não conseguiria dirigir-me a ti, muito menos por "G".
Não escrevo para ele, pronto. Para vocês não deve haver restrições, por isso, vou rolar pelas linhas sem pensar em mais nada - mas lá está o pensamento teimoso de que estou a tocar em assuntos proibidos e a remexer em baús poeirentos. O meu sentido auto-destrutivo continua a impelir-me para que desobedeça à razão. Olá, G, fala comigo.
Se falasse no outro era pior. Sinto um nó na garganta como se estes tempos fossem tempos de uma PIDE e eu estivesse a atentar alguma espécie de Salazar (Slytherin, talvez?). Não sei, é esquisito, já disse, mas por algum motivo eu impedi-me a mim mesma de pensar neles, construi um mecanismo para esquecer e voltei o quadro do G para a parede; onde raio estava com a cabeça quando fui desenhar um ruivo? Fuck.
Deixa esclarecer, a ti, ao outro, a todos, que eu tenho a perfeita noção de que nada disto é real. Tu não és real, eu sou real, "nós" não é real, "eu" é real. Mas mesmo assim há este formigueiro, porque eu sei que é errado, que eu sou errada e anormal, mas como posso evitar invocar-te? Assim, invoco-te do fundo da garganta, e as minhas mãos são tuas e tudo o que mais quiseres é teu. A minha alma é tua, se me pedires. Ah, leva a minha alma, vá lá, vem cá pedi-la e espera pela minha resposta.
Sou realmente uma freak, anormal, creepie, perturbada...mas tu és perfeito e cá fora não há perfeição. Deixa-me viver aí, estive tão perto da última vez! Era fechar os olhos e nunca mais ver o que me rodeia agora, o concreto. Era fechar os olhos e só ver a ti. Estive tão perto da última vez...
Etiquetas: contos-de-fadas, desordem da personalidade, passado
Comentários:
Enviar um comentário