Olá, o meu nome é Dominique, tenho 16 anos e não tenho jeito para falar. Oh, mas talvez tenha jeito para escrever, pelo menos, é o que mais gosto de fazer. As palavras fluem numa carta! E é tão mais fácil escrever para alguém que não conheço...posso fingir que não és real, quem sabe se serás? Esta é a minha apresentação.
Nós não temos vizinhos, por isso o meu pai não pode pôr apelidos a ninguém. Mas nós temos a nossa quota de apelidos, porque as pessoas gostam muito de falar de nós como se nos conhecessem. Principalmente de mim; é engraçado ver a decepção de quem acaba de me conhecer e espera que eu seja igual à minha irmã Victoire - mas nós dividimos apenas as óbvias semelhanças físicas, não muito mais.
Somos todos loucos? Não sei, deves estar mais dentro do assunto do que eu. Conhecer a mente humana não faz parte do meu departamento de interesse e eu nem eu tenho capacidades para tal. E o meu pai também é ruivo, mas eu puxei à minha mãe. Só que aqui em casa, a maluca sou eu. Talvez a tua vizinha pudesse começar a conversar com ela mesma, não é tão mau quanto isso. O silêncio consegue ser bastante cómodo, acredita em mim. Se ela tiver coragem, pode tentar fugir...
Se somos todos loucos, então eu sou feliz. Cá na minha cabeça tudo faz sentido, tudo encaixa, então os nargles da Luna, uma amiga de família, devem ser mesmo reais. Gostei muito de falar contigo, espero que a nossa coruja encontre a tua morada facilmente.

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