Levo o gargalo aos lábios e sinto-me mais leve. Um, dois problemas pelo ar.
Outra vez, sugo o néctar. Agora já danço. Movo-me suave e descoordenada, a um ritmo que é só meu.
Custa a engolir? Nem sei, ainda não consegui perceber. Na verdade nem estou leve; estou leve e pesada.
A cabeça é uma pedra, mas as pernas são de gelatina. Danço, danço, rio. Sou tão feliz!
Garrafa vazia! Rio mais. Tragam-me outra. Estou divertida, desinibida, estou muito não-eu.
Sinto-me fora de mim e é óptimo. Vou ignorar o chão que me chama, porque senão não torno a levantar-me. Há uma força gravitacional e embruxada a pregar os bêbados ao solo.
Denoto que é uma espiral. Atiro a primeira pedra (eu que estou sempre a pecar), mas não a oiço atingir o fundo porque, se calhar, não há. Estou triste.
Qualquer coisa agita-se dentro de mim, antes e depois. Antes, estou nervosa, pois o gargalo é um grande mistério. Depois, fico ansiosa que me caia uma gota nos lábios.
A minha cabeça está ligada à ficha e as ideias atafulham-se. Estou desconfortável na minha pele, quero sair por umas horas.
Novamente. Geladinha na garganta e lá vou eu que não sou eu.
Etiquetas: desordem da personalidade, do social, dor
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