Não sei sobre o que queria escrever. Talvez as ideias tenham voado todas pela janela do carro, ou talvez eu apenas tenha
pensado que as tinha.
Pergunto-me quanta parte do interesse corresponderá às semelhanças entre ti e o outro. O resto eu sei que pertence à idealização e tenho bastante medo de descobrir como será a realidade. Não costumo dar-me muito bem com coisas reais.
Tens cara de antipático e ar solitário, embora saiba que não és. Qualquer traço no teu rosto diz "mantém-te longe" e parece que a tua presença é sempre temporária. Tens uma maneira muito fixa de olhar os outros que tanto irrita como intimida. Tens olhos cruéis.
Vocês quase partilham a mesma estrutura física, a barba por fazer e ambos têm o cabelo mais comprido que o costume. No entanto, o essencial são os vossos olhos - têm os dois uma maneira fria de vislumbrar as coisas, de escrutinar os outros.
Fiquei encantada pela maneira como me deixaste desconfortável ao fixar-me. À espera da resposta, sem recuar, muito sério como se fosses feito de pedra. Se calhar, estar a comparar-vos não é algo bom, mas tenho queda para o que faz mal.
No fim das contas, é preferível fazeres-me mal do que não me fazeres nada.
Etiquetas: A, ashtray heart, desordem da personalidade
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