Não me deixes aqui, a morrer na areia. Está tanto sol, sinto a pele a esturrar! Mas não posso ir para a água porque não sei nadar.
Diz-me, se avançar na direcção do mar vais tentar salvar-me ou vais sentar-te numa rocha a observar? Vais entrar comigo e não vai doer-me quando a água chegar aos pulmões, eu sei. É isso que tu fazes.
Quero-te tanto, é tão irracional! Por que não posso eu ser uma daquelas meninas que enchem páginas e páginas de erros ortográficos, a clamar pelo amor
eterno? E por que não podes tu ser um daqueles meninos que se declara em longas linhas, daquelas que me fazem querer despejar o que tenho no estômago? Ver a vida a preto e branco seria muito mais fácil.
Estou presa neste mundo cheio de cores e as tonalidades magoam-me os olhos. Arrasta-me para o outro lado, mergulha-me na escuridão. Por enquanto ainda é eterno e se calhar os teus gestos dizem tudo o que é preciso. Se calhar seria fácil se eu deixasse.
Quanto mais fincas as unhas em mim, menos me dói. Eu sei que não sou normal e que tenho de esconder-me atrás das metáforas, de guardar o teu sabor no céu da boca para ninguém o sentir quando mostro os dentes, mas é tão bom ser anormal. Ainda que tenha de manter as aparências para que não me prendam os braços e as pernas, vou sempre escolher-te a ti - será o nosso pequeno segredo.
Etiquetas: ashtray heart, desordem da personalidade, ken
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