Não só o blog, mas eu.
Às vezes, na mata, existe uma imensidão de braços, um milhão de mãos que nos tocam, giram e puxam, porque todos querem o nosso corpo. Somos muitos e, connosco, carregamos os nossos demónios, daí a existência de vários espíritos como os meus. O problema dos espíritos é quererem apoderar-se dos seus próprios criadores ou condutores, para poderem viver neles como parasitas. Acho que ultimamente me têm agarrado tanto que já não sei falar por mim, mas, ao mesmo tempo, desconfio que nunca o tenha sabido fazer em condições.
Penso que seria mais proveitoso que desse apenas a conhecer o ponto de vista deles e não o meu, pois a minha perspectiva foi irremediavelmente transmutada pela deles e, pela diversidade de opiniões convergentes, a minha própria opinião deixa de existir na totalidade da sua independência. Talvez me seja mais fácil separá-los uns dos outros do que separá-los de mim e é por isso que entendo que me carece o interesse (que eu vos devia despertar). Eles têm muito mais assunto e é tão fácil integrá-los na conversa, muito mais fácil do que me integrar a mim.
Sinceramente, não estou certa de estarem na mata. Acho que estou parada, no limite que separa o mundo exterior do mundo do bosque, exactamente na berma que fica entre a estrada e a floresta. Eles fazem uma dança frenética comigo, uns a guiarem-me para a direita e outros para a esquerda.
Sinto-me tão vazia, mas tão cheia.
Etiquetas: desordem da personalidade, mata, personagens
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