So, eu estava a deambular pelo youtube, como de costume, e acabei por parar num vídeo sobre a educação na Coreia do Sul que me levou até
este site. Primeiro, eu gostaria muitíssimo que a equipa conseguisse a ajuda de que necessita para terminar o filme e teria igual prazer em poder assisti-lo, segundo, recomendo altamente que procurem mais informações sobre o assunto e que doem para o documentário que mostrei, se puderem.
Já vos disse que andava a viajar sem rumo fixo nas estradas do youtube - para falar a verdade, comecei por vídeos de cosplay e acabei ali -, por isso, o meu propósito inicial não foi sequer a pesquisa. Fiquei sinceramente surpreendida, pois o vídeo falava sobre o conceito de beleza na Coreia e, ao que parece, a ideia generalizada é de que um rosto bonito tem de ser pequeno, de tez branca, com olhos grandes e um nariz que se destaque na cara - o típico padrão americano. E durante o vídeo foram realmente exibidas imagens de modelos/actrizes/mulheres americanas que, segundo as raparigas entrevistadas, correspondem ao ideal de beleza feminina.
A minha cultura é muito pouca, então não é uma surpresa que eu só tenha descoberto agora que a Coreia tem os números mais elevados de cirurgias plásticas e também de suicídio. As coreanas usam uma coisa que é uma espécie de "cola para os olhos" (tecnicamente, é uma cola para as pálpebras que torna os olhos maiores) e também
vão muito à faca para "melhorarem" o aspecto.
Um dos pontos engraçados é que eu sempre tive tendência para ser muito magra, sou alta e tenho a pele pálida, mas se isto é ser bonita, então eu tive muitos problemas em sentir-me bonita. O facto de ser alta tornou-me desengonçada pelo simples motivo de que senti a necessidade de me curvar para ficar mais próxima do tamanho das outras - eu não sou baixa, nem redondinha, nem morena como as portuguesas parecem ter de ser - e só há pouco tempo é que pensei em corrigir a postura. Engordei por vontade própria, pois acho as curvas e as formas bonitas, mas mesmo assim não devo ser considerada bem-constituída, penso eu; the thing is, como era muito magra, os outros implicavam com a minha falta de carne e eu não era suficientemente bem feita para ser considerada "boa" - desculpem o termo. Quando à cor da minha pele, raramente me dizem que é agradável; agradável seria se eu fosse morena, daquelas miúdas que voltam extremamente queimadas das férias grandes - e é engraçado ver que toda a gente é racista, mas toda a gente passa horas ao sol para ficar quase da cor que algumas pessoas já têm por natureza.
Se calhar na Coreia eu seria bonita. Ou então não, afinal de contas, também tenho um complexo pelo tamanho dos meus olhos. Se calhar na Coreia eu não precisava de ter engordado.
É
tremendamente um bocado triste sentir que não estamos inseridos por nos destacarmos dos outros, mas é ainda mais triste cortarmos e costurarmos o rosto para podermos ser alguém que não somos. A mim tocou-me especialmente o vídeo, porque eu fui procurar informação sobre coreanos por achá-los pessoas tão atraentes - muito mais lindos que os americanos, certamente! - e deparei-me com esta questão tão latente de falta de auto-estima.
Isto está a ficar muito extenso e como eu já só tenho uma leitora, é melhor subdividir as ideias e distribuir o mal pelos povos - que é como quem diz, desmembrar o tema para mais do que um texto - para ela não se cansar. Acabei por me desviar completamente da história da educação, mas eu depois volto lá.
Sinto que escrevi, escrevi e não passei a mensagem. Btw, Isso é uma ilustração de Thomas Kucerovsky chamada
Wrong Century. Está mais relacionada com a mutação do conceito da beleza através dos anos e não de cultura para cultura, mas, ainda assim, é brilhante.
Etiquetas: pesquisas, polegar para baixo
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